Em PBE (Prática baseada em evidências) existe um tripé que
norteia a prática clínica de todo profissional da área da saúde (ou deveria).
Não são regras ou normas de conduta, mas sim uma combinação
de resultados de pesquisas relacionados à prática clínica e ao bem estar do
paciente.
Tendo isso exposto, a mesma se torna motivo de discussões
infindáveis, uma vez que a profissão de Fisioterapeuta (vou me ater a essa, já
que é a que faço parte) se sustenta muito mais em um desses pés: a preferência ou familiaridade do paciente. Não que devamos ignorar este, mas como expus anteriormente, ele faz
parte de um tripé...
Se fosse o caso de um profissional precisar somente do trabalho como Fisioterapeuta Domiciliar para gerar renda, ele necessitaria de algo que
a graduação não ensina: habilidades em vendas (o famoso Marketing Profissional). Não se trata de
empreendedorismo, e sim de técnicas atuais de venda que fariam seu trabalho, que é comum há alguns colegas de
alguma forma DIFERENTE.
O suficiente para fazer um cliente/paciente preferir o
seu atendimento ao do colega ”concorrente”. Estou aqui usando exageros para tratar de um
tema que é real na rotina de colegas, a sobrevivência. O uso de certas técnicas ditas da moda, que tem alto índice de aceitação e pouca ou nenhuma evidência científica disponível, podem fazer a diferença nesse "mercado". Está aí a área de Estética que não me deixa mentir (Celulite! Numa visão Nerd...).
Tendo isso em
mente, e estando atualizado do que está em maior “evidência” mercadológica, o
que me resta? Seguir cegamente pesquisas que não entram em pleno acordo com a
prática clínica? Estaria eu enganando meus pacientes para ser cool ou hipster,
e assim fazer de mim uma opção de profissional?
Um exemplo disso é meu uso da bandagem KT (Kinesio Tape). Hoje, tenho
plena consciência dos artigos publicados e tento me manter o mais atual
possível em todos os assuntos, principalmente com os pesquisadores que se
provam contra determinada técnica por faltar comprovações com alto índice de
confiabilidade e metodologia aceitável.
Porém, quando explico a um paciente
que os estudos atuais não embasam o uso de determinada técnica, que comparada
com placebo ela não se destaca e que, mesmo utilizando de forma não preconizada
pelo inventor da técnica, o efeito é o mesmo de usar um micropore, o paciente
responde “eu prefiro com” ou “eu sinto diferença, pode aplicar” ou até “então
coloca esse placebo aí que eu melhoro mesmo assim”. Quem nunca fez qualquer procedimento ou manobra, simplesmente porque o próprio paciente disse que "da última vez que usei isso, melhorei muito mais rápido"?
Concluindo: Utilizar um procedimento com alta aceitação e poucos resultados práticos (quando comparados entre pacientes) não deveria ser o objetivo de ninguém. Por isso, na minha opinião, devemos sempre jogar limpo com nosso paciente e buscar aperfeiçoar os outros pés: Experiência Clínica e Melhor Evidência Disponível.
PS: Na foto, o Fisioterapeuta, Pesquisador e Professor Leo Costa, excelente profissional que ganhou notoriedade ao explicar e promover a PBE. Contudo, suas explanações sobre o uso de Kinesio Tape geraram mais visualizações... Kinesio Tape: Funciona? Não... (Vídeo no You Tube)